
O Brasil e o mundo se despedem hoje de Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos da história, cuja lente revelou os cantos mais esquecidos e, ao mesmo tempo, mais humanos do planeta. Salgado faleceu nesta sexta-feira (23), deixando um legado de imagens que não apenas documentaram o sofrimento, mas também exaltaram a resistência e a beleza da existência.
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Em meio ao luto, seu documentário “O Sal da Terra”, lançado em 2014, ressurge como uma poderosa homenagem à sua vida, sua missão e sua visão única do mundo.
Sobre O Sal da Terra

Dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, filho do fotógrafo, o documentário mergulha na longa caminhada de Sebastião Salgado — um homem que trocou a economia pela fotografia e transformou o mundo em seu estúdio.
O fotógrafo Sebastião Salgado viajou através dos continentes, aos passos de uma humanidade sempre em mutação. Ao longo de sua carreira, registrou alguns dos eventos mais marcantes da história recente, como conflitos armados, crises de fome e movimentos de êxodo em massa. No longa-metragem ele embarca na descoberta de territórios imaculados, da flora e da fauna selvagem e de paisagens grandiosas como parte de um enorme projeto fotográfico. Uma homenagem à beleza do planeta.
Trailer de O Sal da Terra

O filme passeia por décadas de trabalho fotográfico, revelando histórias captadas em regiões assoladas pela guerra, pela fome, pela exploração — mas também pela dignidade. Com imagens fortes, muitas delas em preto e branco, o longa mostra como Salgado registrou o mundo sem recorrer ao sensacionalismo. Ele via, antes de tudo, seres humanos. E nos ensinou a vê-los também.
Indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2015, e vencedor do Prêmio Especial do Júri na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, “O Sal da Terra” foi amplamente elogiado pela crítica internacional.

Durante sua trajetória, Salgado presenciou tragédias que deixaram marcas profundas — tanto em suas fotos quanto em sua saúde emocional. Chegou a se afastar da fotografia, exausto do sofrimento que presenciava. Mas foi justamente nesse momento que encontrou uma nova forma de contar histórias: ao lado da esposa, Lélia Salgado, criou o Instituto Terra, que reflorestou uma área devastada no interior de Minas Gerais.
Esse renascimento pessoal e ambiental é mostrado no último ato do documentário, trazendo alívio e luz após tanta escuridão. É quando Salgado volta sua câmera para a natureza, no projeto “Gênesis”, redescobrindo a beleza primordial do planeta.
Sobre a morte

Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos brasileiros e referência mundial na arte da fotografia documental, faleceu hoje, aos 81 anos, em Paris, França. A causa da morte ainda não foi divulgada. A notícia foi confirmada pelo Instituto Terra.
Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.
Salgado vivia em Paris com Lélia e o filho Rodrigo, em um apartamento próximo à Praça da Bastilha. Seu estúdio na capital francesa preserva um vasto acervo de imagens que marcaram sua trajetória e influenciaram gerações.