Ao longo da história do Oscar, diversos atores acumularam estatuetas por diferentes interpretações ao longo de suas carreiras. Alguns personagens icônicos renderam vitórias duplas a intérpretes distintos, como o Coringa — vivido por Heath Ledger e Joaquin Phoenix — e Anita, de Amor, Sublime Amor, que garantiu o Oscar tanto a Rita Moreno quanto a Ariana DeBose. No entanto, em quase um século de premiação, apenas um ator venceu dois Oscars pelo mesmo papel.
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O feito, inédito e até hoje não repetido, ocorreu na década de 1940 e pertence a Harold Russell, um veterano de guerra sem experiência prévia como ator. Ele interpretou Homer Parrish em Os Melhores Anos de Nossas Vidas (1946), filme vencedor do Oscar de Melhor Filme. O que torna essa conquista ainda mais impressionante são as circunstâncias extraordinárias que a possibilitaram — um contexto tão específico que torna improvável que algo semelhante volte a ocorrer.
A trajetória de Harold Russell

Harold Russell não era um nome conhecido em Hollywood. Veterano da Segunda Guerra Mundial, perdeu ambas as mãos em um acidente durante um treinamento militar. Foi justamente essa vivência que deu autenticidade à sua interpretação de Homer Parrish, um ex-soldado que também lida com a perda de suas mãos.
A atuação emocionou público e crítica, mas a Academia, cética quanto às chances de um ator inexperiente vencer, decidiu conceder-lhe um Oscar honorário por sua contribuição à representação dos veteranos de guerra no cinema.
A estatueta especial foi entregue na 19ª edição do Oscar, em 1947, como forma de reconhecimento pela atuação e pelo impacto social de sua participação no longa dirigido por William Wyler. A premiação parecia encerrada para Russell — ainda mais considerando os concorrentes de peso na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, como Charles Coburn e Claude Rains.
O feito, inédito e até hoje não repetido, ocorreu na década de 1940 e pertence a Harold Russell, um veterano de guerra sem experiência prévia como ator. Ele interpretou Homer Parrish em Os Melhores Anos de Nossas Vidas (1946), filme vencedor do Oscar de Melhor Filme. O que torna essa conquista ainda mais impressionante são as circunstâncias extraordinárias que a possibilitaram — um contexto tão específico que torna improvável que algo semelhante volte a ocorrer.
A surpresa da noite

Contra todas as expectativas, Harold Russell foi anunciado também como vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. A homenagem que deveria compensar uma derrota “certa” acabou sendo acompanhada por uma vitória legítima e histórica. Ele se tornou, assim, o único artista a receber dois Oscars — um honorário e um competitivo — pela mesma atuação. O feito consolidou Os Melhores Anos de Nossas Vidas (que recebeu 7 estatuetas competitivas, incluindo de melhor filme) como o grande vencedor da noite, num desfecho tão improvável quanto marcante na história da Academia.
Visivelmente emocionado, Russell descreveu o Oscar honorário como “o momento de maior orgulho e felicidade da vida”, agradecendo ao diretor William Wyler e destacando a importância de representar, na tela, outros veteranos com deficiência. Quando subiu ao palco novamente, para receber o Oscar competitivo, limitou-se a dizer: “Muito obrigado. Dois Oscars em uma noite é demais!”.
Apesar da notoriedade obtida naquele ano, Russell teve poucas oportunidades como ator nos anos seguintes. Ainda assim, construiu uma vida tranquila longe das telas. Anos depois, durante um assalto em sua casa em Cape Cod, os dois Oscars permaneceram intactos — um detalhe simbólico sobre a perenidade de sua conquista no imaginário do cinema.
Em 1992, causou polêmica ao vender seu Oscar de Melhor Ator Coadjuvante para pagar tratamentos médicos de sua esposa — algo raro e criticado, mas que ele justificou com dignidade.
Fim da trajetória de Harold Russell
Harold Russell morreu em 29 de janeiro de 2002, aos 88 anos, em um hospital de Massachusetts, após ser internado com complicações de saúde associadas à idade. Sua morte encerrou uma trajetória marcada pela coragem, superação e por uma contribuição significativa tanto para o cinema quanto para a causa dos veteranos de guerra.