- Título original: Good Boy
- Nacionalidade: Estados Unidos da América
- Gêneros: Terror Sobrenatural, Suspense
- Ano de produção: 2025
- Data de estreia: 30 de outubro de 2025
O terror Bom Menino (Good Boy, 2025), dirigido pelo estreante Ben Leonberg, entra em cartaz nesta quinta-feira (30 de outubro) nos cinemas brasileiros. Protagonizado por Shane Jensen e pelo carismático Indy, um retriever da Nova Escócia, o filme explora a relação entre um homem e seu cão em meio aos segredos sombrios de uma casa isolada.

O filme dirigido por Ben Leonberg, se destaca por uma ideia simples e, ao mesmo tempo, ousada: narrar uma história de assombração do ponto de vista de um cachorro. O resultado é um filme de clima tenso e imersivo, onde o medo não vem só dos sustos, mas também pela a conexão com os personagens. O protagonista é Indy, um retriever da Nova Escócia de pelagem avermelhada e olhar expressivo, que acompanha seu dono, Todd (Shane Jensen), na mudança para a casa deixada pelo avô — um lugar isolado, cheio de mistério.
Desde os primeiros minutos, Leonberg estabelece um ponto de vista inusitado. A câmera permanece a nível dos olhos de Indy, explorando ângulos baixos e movimentos curiosos que nos fazem ver o mundo — e o terror — como um animal o veria: instintivo, confuso e ameaçador.

A escolha estética transforma os espaços familiares — corredores, portas semiabertas, sombras — em fontes genuínas de inquietação. É como se o diretor reinventasse o clichê da “casa mal-assombrada” através de olhar criativo.
As assombrações — reais ou imaginadas — tornam-se metáforas do medo de ficar sozinho. O cão sente o perigo antes do dono, late para o nada, observa presenças que o espectador não vê. Nesse jogo de percepções, o longa encontra sua força: o medo se manifesta através do instinto. Há momentos de genuína ternura entre homem e animal, o que torna o clímax ainda mais doloroso.
Com 73 minutos de duração, Bom Menino é um filme conciso, mas de ritmo deliberadamente lento. Leonberg prefere a sugestão à exposição, utilizando som, iluminação e silêncios para construir tensão. A fotografia aposta em tons frios e luz natural filtrada, destacando o contraste entre o interior sombrio e a paisagem ao redor, quase sempre enevoada. Os cômodos estreitos, os corredores mal iluminados e os objetos envelhecidos são enquadrados de modo a transmitir desconforto, como se algo estivesse sempre à espreita, fora de quadro. Leonberg utiliza o espaço de forma inteligente.
Entretanto, a originalidade do conceito acaba limitada por um roteiro um tanto repetitivo. A trama, que gira em torno de ruídos, aparições e gravações antigas do avô, carece de maior desenvolvimento. Em certos momentos, parece um curta estendido além do necessário.
Como diretor estreante, Ben Leonberg demonstra notável controle de atmosfera e sensibilidade para o simbolismo. Ainda que o filme peque por certa monotonia no terço final, há talento evidente na condução do olhar e na construção do suspense.
A trilha sonora do longa desempenha papel fundamental na construção do suspense proposto pelo diretor. Evitando os artifícios mais óbvios do terror, a composição aposta em uma atmosfera crescente, onde o som funciona como extensão do espaço e das emoções dos personagens. Os ruídos dos ambientes — como o vento cortando o silêncio ou o ranger distante da casa — reforçam a sensação de solidão e tensão psicológica.
A decisão de dar protagonismo ao cão — interpretado de forma carismática por Indy, que inclusive ganha destaque nos cartazes — é uma jogada ousada e eficaz. O animal se torna não apenas testemunha, mas narrador silencioso do horror humano.
Elenco: Indy, Shane Jensen, Arielle Friedman, Larry Fessenden, Stuart Rudin, Hunter Goetz
Direção: Ben Leonberg
Roteiro: Ben Leonberg, Alex Cannon
Duração: 1 h 12 min
Classificação; PG-13
Distribuição: Paris Filmes
⭐6,3 IMDb
