Neste vídeo, o canal Dalenogare Críticas faz uma crítica de Robô Selvagem (“The Wild Robot”), nova animação da DreamWorks, dirigida por Chris Sanders (“Como Treinar o Seu Dragão”) e dublada por Lupita Nyong’o (Nós, franquia Pantera Negra) e Pedro Pascal (“The Last of Us”).
Crítica de Robô Selvagem
Tudo bem, pessoal? Hoje, vou comentar sobre *Robô Selvagem*, o filme dirigido por Chris Sanders e adaptado da série de livros de Peter Brown, que é fantástica. Descobri há pouco tempo que a série seria adaptada para o cinema.
Esta é uma produção da DreamWorks que tem um significado muito importante para o estúdio, pois é a última produção 100% feita no estúdio de Glendale, na Califórnia. A partir de agora, toda a produção da DreamWorks contará com parcerias com outros estúdios para reduzir custos e também para conseguir fazer mais coisas em menos tempo.
Repercussão Inicial
Quando fiz uma repercussão inicial no Instagram sobre *Robô Selvagem*, vi vários comentários de pessoas falando: “A DreamWorks é 8 ou 80. A DreamWorks faz filmes como *Megamente 2* para streaming e agora está com um filme tão bonito”. E é verdade, a DreamWorks é imprevisível; você não sabe o que esperar.
Mas fico feliz de notar que no cinema a DreamWorks tem um potencial muito grande, não só em aproveitar franquias já consagradas — eles vão voltar com *Shrek* em breve —, mas também na criação de obras originais impactantes, com um estilo gráfico que não busca o realismo da Pixar, algo que o estúdio tentou por muito tempo, como foi com *Os Caras Malvados*. Esse estilo visual maravilhoso foi ampliado em *Gato de Botas* e agora tem mais uma evolução com *Robô Selvagem*.
Declaração de Chris Sanders
Na CinemaCon deste ano, Sanders deu uma declaração que ganhou grande repercussão, dizendo que a base de *Robô Selvagem*, no que diz respeito ao desenvolvimento gráfico, seria como se fosse um Monet pintando numa floresta de Miyazaki, o que é um referencial altíssimo de qualidade. Isso gera uma animação linda, que não só é bela na escolha e no que Sanders faz para criar um ambiente na natureza, mas também no impacto emocional e no desenvolvimento de personagens.
Acredito que qualquer grande fã de animação ficará maravilhado com a qualidade nos primeiros minutos de *Robô Selvagem*, especialmente pelo envolvimento com a natureza, ainda mais quando se tem um robô tentando entender o que acontece na vida selvagem.
Recepção e Festival de Toronto
*Robô Selvagem* teve sua estreia no Festival de Toronto, onde participei da premiere, e a repercussão foi incrível. Aliás, duas animações em Toronto chamaram bastante atenção, e elas têm temas em comum: *Robô Selvagem* e *Flow*. *Flow* esteve no Festival de Cannes e também teve uma recepção excelente.
No caso específico de *Robô Selvagem*, vejo uma ligação emocional muito forte, o que já o posiciona como um forte concorrente na temporada de prêmios, com chances reais para melhor animação. Há quem acredite que o filme poderia chegar ao Oscar de melhor filme, o que acho bem mais difícil, dado o histórico recente e outros casos de animações como *Pinóquio*, por exemplo. Mas vejo uma chance real para melhor animação. O filme tem duas canções belíssimas e a canção original também pode aparecer.
Enredo e Personagens
*Robô Selvagem* conta a história de Ross 7134, um robô de última geração que desperta em uma ilha inicialmente programado para servir aos humanos. Ela logo se vê sozinha em um ambiente selvagem cercado por animais que a temem. Ela decide então aprender a se comunicar com as criaturas e acaba criando o Bright Bill, um filhote de ganso órfão.
Esta é uma animação que, sem dúvida, emociona a família inteira, pois tem personagens super carismáticos que acredito que farão sucesso com as crianças. O Bright Bill é um deles, mas também há toda uma história relevante sobre um robô programado para facilitar processos, que está nessa natureza selvagem e precisa lidar com todas as ameaças e buscar algum tipo de integração. Isso gera passagens lindíssimas de aprendizado, em que Ross tenta estudar diferentes espécies e encontrar parâmetros para uma comunicação que compreenda cada personalidade e cada animal.
Temas e Mensagens
Inicialmente, o objetivo de Ross é fazer com que o Bright Bill tenha uma vida normal. No entanto, o “normal” criado por uma mãe robô, por uma inteligência artificial, é totalmente diferente da vida na natureza. O filme explora esse conceito e cria passagens inclusive cômicas que são muito boas.
Além disso, outros animais entram na história, como a raposa e o urso. Inicialmente, eles representam perigo por serem predadores, mas depois acabam criando uma integração, pois Ross encontra um meio-termo para a comunicação, facilitando o contato e colocando um objetivo em comum nessa construção de uma comunidade.
Crítica e Análise
O filme coloca dois grandes objetivos: o primeiro é lidar com o destino do Bright Bill, se ele conseguiria se relacionar com outros animais da sua espécie, e o segundo é sobre a própria origem e rumo de Ross, como, por exemplo, como ela foi parar naquela floresta.
A grande mensagem do filme é a construção de um senso coletivo de união, apesar das profundas diferenças e rivalidades entre os animais. Claro, há o urso, que gera muito pânico, e isso é aproveitado de maneira cômica, mas também contribui para o desenvolvimento mais dramático da situação. Faz tempo que não vejo uma animação original com tantos personagens carismáticos e relevantes.
Há o contraste entre a robô programada para fazer tudo certinho para servir aos humanos e a vida na natureza que ela começa a entender. Ela estuda, tenta compreender a linguagem utilizada e observa toda a comunidade da natureza como uma só. Existe uma metáfora sobre a busca de identidade, que coloca como fundamental a perspectiva de livre arbítrio e programação.
Conclusão
Ross, quando está em destaque, tem vários detalhes e as passagens na natureza são fantásticas, com grandes pinturas. O movimento de Ross versus o movimento dos animais e como esses animais acabam se integrando à vida selvagem são aspectos que gosto. A escolha de Sanders de lidar com uma paleta às vezes mais fria, representando o teor inicialmente mais calculista da robô versus a natureza exuberante, com suas estações e cenas maravilhosas, é muito bem feita.
O filme é bastante previsível e, em seguida, busca adicionar uma camada com uma crítica às corporações, que me pareceu sem desenvolvimento mais profundo.
Há pequenos blocos que lidam com treinamento, aprendizagem, possíveis fugas, e a relação entre os animais, criando passagens engraçadas. Além disso, há toda a base sentimentalista que é emocionante em muitos casos, com a robô buscando sua identidade e a questão do livre arbítrio versus programação.
É uma animação muito linda, sem dúvida uma das melhores e mais relevantes do ano. Para *Robô Selvagem*, dou nota 8.
Este é um filme em que o estúdio tem muita confiança e deposita uma base especial de projeção internacional, com a Universal tentando dar prioridade. Claro, há muitos desafios, como a estreia em vários mercados perto de *Transformers One*, que já tem uma marca consolidada, e *Robô Selvagem*, uma animação original, precisa levar as pessoas ao cinema. Torço para que eles consigam isso, pois a animação merece; ela é muito bonita.
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