Criado em 1939 pelo desenhista Bob Kane e o escritor Bill Finger, inspirados em personagens como Zorro, Drácula e Dick Tracy, o Sombra, teve sua primeira aparição na revista Detective Comics no 27.
A origem, que sofreu algumas modificações com o passar dos anos, praticamente todo mundo conhece: O jovem bilionário Bruce Wayne decide aprimorar suas capacidades intelectuais e físicas para combater o crime após presenciar a morte de seus pais por um assaltante. Bruce dispõe de aparatos e armamentos não letais tecnológicos quase ilimitados e conhecimento em diversas áreas científica além do auxilio de seu mordomo Alfred Pennyworth.
Os internos do Asilo Arkham fazem um motim, tomam os funcionários do hospício como reféns e exigem a presença de Batman. Mais do que enfrentar seus velhos inimigos, o herói precisará confrontar a si mesmo e ao horror de sua própria loucura.
Paralelamente, o leitor conhecerá a trágica história do fundador do hospício. Com a fantástica e claustrofóbica arte de Dave Mckean misturando colagens e pintura a óleo, essa história, talvez a mais sombria e psicológica do nosso herói, certamente é um conto de terror.
O roteiro pesado de Grant Morrison apresenta o lado mais obscuro de cada vilão, Charada, Espantalho, Hera venenosa, Sr Frio, Chapeleiro maluco…internado no manicômio bem como a loucura e obsessão do cruzado de capa. Foi lançada novamente pela editora Panini uma edição absolute com vários extras, incluindo parte do roteiro do Morrison e estudos de personagem de Mckean.
Na história, passada nos primórdios da carreira de Homem Morcego (aproximadamente seis meses após os eventos de Batman: ano um), inicia-se uma série de assassinatos de importantes membros da máfia, contudo com uma particularidade: todos os assassinatos são cometidos nos feriados, sendo que o autor do crime sempre deixa no local um objeto relacionado com a data em questão.
Ao mesmo tempo as tensões aumentam entre as duas maiores famílias mafiosas de Gotham, as famílias Falcone e Maroni. O Roteiro de Jeph Loeb e arte de Tim Sale levam mais realismo (dentro do possível) trazendo um plot mais voltado aos gangsteres de Gothan e o desenvolvimento da mulher gato. Dentre as citadas talvez seja a mais difícil de ser encontrada de maneira impressa, pois faz algum tempo que não tem reedição.
Em 1986, o inspiradíssimo Frank Miller e o artista David Machiavellizar (destaque para a cena da invasão ao prédio pela equipe especial da polícia de Gothan) lançaram esta revolucionária reinterpretação da origem do Batman – sobre quem ele é e como veio a se tornar o sombrio herói.
O Ano um abriu caminho para uma nova visão de um lendário personagem. Bruce Wayne e James Gordon chegam à Gotham ao mesmo tempo, com missões diferentes. Gordon junta-se à polícia da cidade, descobrindo logo que ela é corrompida. Wayne, disfarçado de mendigo pelas ruas da Gothan, testa seus anos de treinamento.
A trama se desenvolve mostrando a inspiração para usar o uniforme de morcego e a difícil adaptação do novato e honesto Gordon dentro da policia corrupta de Gothan. Personagens que aparecem em “Batman Begins” dão as caras por aqui como o mafioso Carmine Falcone, o prefeito Gillian Loeb, o corrupto policial Arnold Flass. Uma reedição de luxo e com o preço acessível saiu há algum tempo pela editora Panini, então é bem provável que se encontre em livrarias ou comic shop
Ei lembra aquela piada sobre dois sujeitos no manicômio? Escrita pelo mago inglês Alan Moore e desenhada por Brian Bolland, esse conto revela que: Um dia ruim. É apenas isso que separa o homem são da loucura. Pelo menos segundo o Coringa, um dos maiores e mais conhecidos vilões dos quadrinhos.
E ele quer provar seu ponto de vista enlouquecendo ninguém menos que o maior aliado de seu grande inimigo: o Comissário Gordon. Cabe ao Cavaleiro das Trevas impedi-lo. O enredo de “A Piada Mortal” é simples, sendo sua metáfora e questionamento o maior atrativo da obra. Quem realmente é o louco nisso tudo? A HQ nos apresenta a um Batman já cansado de combater o palhaço maluco de cabelo verde.
Entretanto, Batman descobre que o Coringa, mais uma vez, escapou do Asilo Arkham e capturou o Comissário Gordon. Agora, ele precisa deter seu arquinimigo antes que o mesmo passe dos limites com suas cruéis atrocidades. Paralela a trama Moore intercala uma interessante origem e justificativa para perda da sanidade do Coringa, que se assemelha bastante das distorcidas versões apresentada pelo personagem na pele de Heath Ledger em O Cavaleiro das Trevas de 2008. Os anos 80 apresentaram versões mais sombrias de vários personagens de quadrinhos, observem as datas de lançamento, numa tentativa de recontar origens e revitalizar as vendas em bancas. Muitos escritos ingleses, como Alan Moore e Grant Morrison destilaram sua escrita niilista em histórias que realmente marcaram uma geração
Na metade da década de 80, a DC deu liberdade total a Frank Miller (Batman: Ano Um; Sin City e diretor do tenebroso Spirit: O filme) para escrever O Cavaleiro das Trevas, que se tornaria uma das minisséries mais marcantes da extensa vida editorial do Homem-Morcego.
Vários anos depois, atendendo ao apelo de milhares de leitores e da própria editora, o autor produziu uma segunda parte para a saga centrada no mesmo universo (que é uma afronta a moral e bons costumes). O violento retorno, do já velho e mais agressivo, Batman para combater o crime após uma crescente onda de violência que assola a distopia Gothan nos é apresentada em uma arte sequencial cinematográfica, com angulações, uso de sombras e perspectivas que deram fama a Miller.
Caso fossem adaptar essa obra para a telona, não seria necessário roteiro escrito, bastaria usar a HQ como Storyboard e pronto cérebros colando no teto do cinema!
Definitivamente uma das obras mais importantes do morcegão, contém momentos clássicos, como o surgimento de uma Robin (sim, UMA Robin), a fatídica luta contra o Coringa e o famoso embate com Superman no beco do crime (que serviu como alusão para o teaser Batman VS Superman: Dawn of justice apresentado na Sn Diego Comis Con neste ano). Certamente esse quadrinho não deve ficar longe de quem quer iniciar sua leitura sobre o herói.
Bom, é isso, óbvio que a lista de boas histórias não se esgota por aqui (Batman o filho do demônio, Vitoria sombria, Morte em família, A Queda do Morcego, também são boas indicações de leitura!) por isso espero que as obras citadas acima tenham despertado uma fagulha de curiosidade para quem nunca leu nada sobre o personagem e seja um bom complemento para quem já se aventura pelos quadrinhos do nosso soturno combatente do crime. Anseio que tenham gostado e nos encontramos na virada da maré.